Pensamento 100: Cuidado com o ecletismo filosófico

Assim como nas religiões, as escolas filosóficas foram desenvolvidas ao longo dos séculos e constituem uma doutrina coerente e completa. Tanto o estoicismo e epicurismo são filosofias que nos ensinam a arte de viver bem.

Apesar de terem o mesmo objetivo, suas práticas e ideias são bastante antagônicas, assim será uma péssima ideia tentar escolher e conciliar os pontos que gostamos em cada uma delas e ignorar os pontos que não gostamos.

Não funciona, vira um Frankenstein eclético, algo assim:

Dito isso, segue um excelente artigo sobre O estoico e o epicurista.

https://otambosi.blogspot.com/2023/08/o-estoico-e-o-epicurista.html?view=classic

Pensamento 99: O Destino conduz quem lhe obedece e arrasta a quem lhe opõe resistência.

Na Carta 107, Sêneca cita Cleantes:

(11) Conduz-me, ó Pai Excelso e Senhor do Mundo,
Para onde quer que queiras, nenhum obstáculo impedir-me-á de seguir-te.
Diligente, estarei junto a ti. E, caso eu não o queira fazer
o que é possível ao intrépido, ainda assim seguir-te-ei, gemendo e infeliz.
O Destino conduz quem lhe obedece e arrasta a quem lhe opõe resistência.

Pensamento 98: Frases destacadas pelos leitores Kindle

Continuando a série sobre frases destacadas pelos leitores do Amazon Kindle, apresentamos a 3° mais destacada, grifada por mais de 1600 leitores do livro Cartas de um Estoico, de Sêneca.

Nenhuma coisa boa é agradável de possuir, sem amigos para compartilhá-la.

Carta 6, §4

Esta carta é realmente incrível, uma de minhas prediletas. Gosto muito do final:

“Que progresso, você pergunta, eu fiz? Eu comecei a ser um amigo de mim mesmo.” Isso foi realmente um grande auxílio; tal pessoa nunca pode estar sozinha.

Livro citado:

Pensamento 96: Frases destacadas pelos leitores Kindle

A Amazon tem uma funcionalidade muito interessante, ela informa os trechos mais destacados pelos leitores de livros Kindle.

Do livro Cartas de um Estoico, de Sêneca, o trecho mais destacado, grifado por mais de 2000 pessoas é:

“A principal indicação, na minha opinião, de uma mente bem ordenada é a habilidade de um homem em permanecer em um lugar e ficar em sua própria companhia.”

Carta 2, §1

Livro citado:

Pensamento 95: As coisas não inquietam os homens, mas as opiniões sobre as coisas.

Pensamento de Epicteto, para o pós eleição:

As coisas não inquietam os homens, mas as opiniões sobre as coisas.[1] Por exemplo: a morte nada tem de terrível ou também a Sócrates teria se afigurado assim, mas é terrível a opinião sobre a morte, segundo a qual ela é terrível.[2] Então, quando formos obstacularizados ou nos inquietarmos ou nos afligirmos, jamais consideremos outra coisa a causa senão nós mesmos, isto é, nossas próprias opiniões. É ação do ignorante acusar os outros pelas coisas que ele mesmo faz erradamente. É do que começou a se educar acusar-se. É do homem educado não acusar os outros nem se acusar.


[1] A denúncia dos enganos da opinião que se apoia no ouvir dizer sem reflexão é comum a todo o Socratismo. Tal denúncia é acompanhada pela afirmação do caráter terapêutico da crítica à opinião, que se traduz pela eliminação dos sofrimentos e dos medos que têm sua origem na ignorância. Encontramos expressão formidável disso, por exemplo, em Lucrécio:
Pois assim como as crianças têm medo de tudo no escuro, assim nós, em plena luz, tememos coisas que não são mais de temer que aquelas que nas trevas apavoram as imaginações infantis. Esses terrores do espírito, essas trevas da alma não os podem espantar os raios de sol ou a claridade do dia, mas tão somente a luz da razão e o estudo da natureza. (De Rerum Natura, II, v, 1 a 60)
Marco Aurélio (XI, 23), citando Sócrates, nos diz que este “chamava as crenças populares de monstros que assustam as crianças”.

[2] Um tema central do Estoicismo é a reflexão sobre a morte. Tal reflexão tem como objetivos: (1) tornar-nos cientes de nosso caráter efêmero, para que vivamos mais intensamente e não deixemos as coisas importantes para depois, um depois que pode não haver (Cf. LI); (2) mostrar que a morte não é um mal e que não nos é preciso temê-la. Há todo um tesouro de reflexões sobre esse tema no pensamento dos socráticos ao qual remetemos o leitor. Contentar-me-ei aqui em citar Sócrates, que, segundo Platão (Apologia de Sócrates), teria dito em sua defesa não temer a morte, pois ou ela é o termo da vida após o qual não há nem bem nem mal (não sendo, assim, preciso temê-la) ou, após a morte, por ter vivido de modo digno, ele iria para um lugar no qual encontraria as almas de outros homens dignos (não sendo, de novo, preciso temê-la).

Tradução de Aldo Dinucci, também disponível em audio.

Promoção Cadeira Gamer

Pensamento 94: É porque não ousamos que as coisas são difíceis.

Pela segunda vez em sete semanas, um primeiro-ministro britânico citou um estadista romano durante seu discurso de demissão.

Boris Johnson se comparou a Cincinato, que “voltou ao seu arado” após um período no poder, agora Liz Truss citou Sêneca sobre as dificuldades de ousar fazer a coisa necessária.

A ex primeira ministra Truss disse:

Não é porque as coisas são difíceis que não ousamos; é porque não ousamos que as coisas são difíceis.”

Trecho do parágrafo 26 da carta 104 de Sêneca.

26. Mas quanto mais eu estimo esses homens! Eles podem fazer essas coisas, mas recusam fazê-las. A quem que já tentou, essas tarefas se mostraram falsas? O que já fez o homem, que parecesse fácil de fazer? Nossa falta de confiança não é o resultado da dificuldade. A dificuldade vem da nossa falta de confiança. Não é porque as coisas são difíceis que não ousamos; é porque não ousamos que as coisas são difíceis.

Carta 104 completa aqui.

Livro com o trecho:

Pensamento 93: Mente sã num corpo são

O estoicismo é uma filosofia integral, e como no ditado de Juvenal, “Mens sana in corpore sano“, sustenta que estar fisicamente bem preparado e saber se defender é uma característica do sábio.

Sócrates, o grande modelo de sábio dos estoicos, foi um soldado. Cleantes de Assos, o segundo escolarca da escola estoica de Atenas, foi um boxeador profissional. Marco Aurélio liderou legiões romanas em guerras contras os germânicos.



Livros citados:



* Parece que esta frase da imagem está mal atribuída, sendo de um general inglês do século XIX ao invés de Tucídides.

Pensamento 90: Sêneca, “A Verdade Nunca Morre”

Com o desfecho do julgamento, Johnny Depp divulgou uma carta, que para minha surpresa termina com uma citação de Sêneca, em latim:

“Veritas nunquam perit” ou “A Verdade Nunca Morre“, tirada da peça As Troianas.

Apesar dele não ser nenhum estoico, abusando de álcool e drogas, a carta de Depp tem conteúdo bastante de estoico, onde o ator explica sua motivação para expor sua vida pessoal em busca da verdade:
“Desde o início, o objetivo de apresentar este processo era revelar a verdade, independentemente do resultado” (“From the very beginning, the goal of bringing this case was to reveal the truth, regardless of the outcome.”)