“Uma nação nasce Estoica e morre Epicurista”
William James Durant, filósofo e historiador conhecido por sua a História da Civilização e História da Filosofia.
Filosofia atual e prática
William James Durant, filósofo e historiador conhecido por sua a História da Civilização e História da Filosofia.
No ensaio “A Vida Feliz“ Sêneca toca num ponto cheio de hipocrisia e atual até hoje: a relação do dinheiro e virtude:
“Ninguém condenou a sabedoria à pobreza. O filósofo pode possuir ampla riqueza, mas não possuirá riqueza que tenha sido arrancada de outro, ou que esteja manchada com o sangue de outra pessoa: ela deve ser obtida sem prejudicar qualquer homem e sem que ela seja obtida por meios vis; deve ser honrosamente acessível e honrosamente gasta.” (XXIII,1)
“Se as minhas riquezas me deixarem, não levarão consigo nada além de si mesmas: já vocês ficarão desnorteadas e parecerão ficar fora de si se as perderem: comigo as riquezas ocupam um certo lugar, mas com você elas ocupam lugar mais alto de todos. Em suma, minhas riquezas pertencem a mim, você pertence às suas riquezas.” (XXII, 5)
(imagem O beijo de Gustav Klimt, Belvedere-Viena)
“Nossas mentes devem ser enviadas antecipadamente para atender a todos os problemas, e devemos considerar, não o que costuma acontecer, mas o que pode acontecer. Pois o que há no mundo que a Fortuna, quando ela quer, não derruba do alto da sua prosperidade? E o que é que ela não ataca mais violentamente quão mais brilhante é? O que é laborioso ou difícil para ela? ” (Carta XCI, 4)
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“Timágenes, que tinha rancor contra Roma e sua prosperidade, costumava dizer que a única razão pela qual se entristece quando incêndios ocorrem em Roma é devido ao seu conhecimento de que surgirá edifícios melhores no lugar daqueles que caem pelas chamas.” (Carta XCI, 13)
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Frases, incluindo o título foram tiradas da 91° carta a Lucílio: “Sobre a lição a ser aprendida do incêndio de Lião”, Volume II
(imagem, Hubert Robert, o incêndio de Roma, MuMa)
Epiteto diz: “Os homens são perturbados não pelas coisas, mas pela opinião sobre elas” (O Encheirídion, 5.a)
O podcast do Seth Godin comentou sobre uma pessoa que estava participando de um retiro de meditação. Porém um participante ao lado passou a manhã toda fazendo um ruído “click, click” intermitente, arruinando a meditação. Na hora do intervalo, furiosa, foi reclamar quando então percebeu que o ruído vinha de um aquecedor. Imediatamente ao perceber o que o barulho era causado por um objeto inanimado toda raiva e fúria se esvaiu, afinal quem ficaria irado com um equipamento ou com a chuva ?
A raiva e perturbação está em nós! Trate toda perturbação como um equipamento defeituoso. Não saberemos qual o real objetivo de alguém que nos importuna, tratemos como se fosse a chuva ou o aquecedor.
(Imagem busto “Alma danada”, por Gian Lorenzo Bernini, Palazzo di Spagna, Roma)
Estoicismo não é eliminar a emoção ou os sentimentos. É não ser escravos deles.
Sêneca diz:
“…estaria eu aconselhando você a ter um coração duro, desejando que você mantenha seu semblante imóvel na cerimônia fúnebre, e não permitindo que sua alma sinta mesmo uma pitada de dor? De modo algum. Isso significaria insensibilidade e não virtude – Mas suponha que eu proíba você de mostrar emoção, há certos sentimentos que reivindicam seus direitos próprios. As lágrimas caem, não importa como tentamos controla-las, e, sendo derramadas, aliviam a alma. O que, então, devemos fazer? Deixe-nos permitir que caiam, mas não a ordenemo-las a fazê-lo; deixe-as, de acordo com a emoção, inundar os nossos olhos, mas não como a mera atuação” (Carta XCIX, 15-16)
Imagem: Medusa de Gian Lorenzo Bernini, Palazzo dei Conservatori.
“No nosso nascimento, a natureza nos tornou ensináveis, e nos deu razão, senão perfeita, capaz de ser aperfeiçoada.” (Sêneca, Carta XLIX.11)
Como vemos na frase, os estoicos são moderadamente otimistas sobre a natureza humana, contudo para isso precisamos aperfeiçoar nossa razão e sabedoria. Ler, estudar, apreciar o belo, compartilhar o que seja justo e virtuoso.
(imagem escultura de Nero e Sêneca por Barron – Museo do Prado)
Sêneca diz:
“Você está enganado se pensa que eu iria excluir da minha mesa certos escravos cujos deveres são mais humildes, como, por exemplo, aquele tratador de mulas ou outro pastor; proponho valorizá-los de acordo com seu caráter, e não de acordo com seus deveres. Cada homem adquire seu caráter por si mesmo, mas a fortuna atribui seus deveres” ( Carta XLVII.15)
Devemos transportar o ensinamento de Sêneca para os tempos modernos. Posse e cargos não indicam valor de alguém, sem esquecer que é válido para todos. Ser rico ou estudado não indica falha de caráter e ser pobre e ignorante não é sinônimo de virtude. Tudo isso está na categoria dos indiferentes.
“Associe-se com seu escravo com bondade, até mesmo em termos afáveis; deixe-o falar com você, planejar com você, viver com você. Sei que neste momento todos os pretensiosos clamarão contra mim em peso; eles dirão: “Não há nada mais degradante, mais vergonhoso, do que isso”. Mas estas são as mesmas pessoas às quais às vezes surpreendo beijando as mãos dos escravos de outros homens. ” (Carta XLVII.13)
(imagem Mercado de Escravos por Jean-Léon Gérôme)
Sêneca diz:
“Mostre-me um homem que não é um escravo; um é escravo da luxúria, outro da ganância, outro da ambição, e todos os homens são escravos do medo… Nenhuma servidão é mais vergonhosa do que aquela que é auto imposta.” (Carta XLVII, 17)
Sêneca está se referindo ao ensinamento estoico da dicotomia do controle ou seja, que algumas coisas estão sob nosso controle (nossas ações e julgamentos) enquanto todo o resto não está sob nosso controle, são externas.
Aqueles que valorizam coisas externas se colocam a mercê da sorte (deusa Fortuna) e acabam na posição de escravos das coisas (cargos, reputação) que anseiam.
(imagem Boulanger Gustave, o mercado de escravos)
“A filosofia não rejeita nem escolhe ninguém; sua luz brilha para todos.
3. Sócrates não era aristocrata. Cleantes trabalhou em um poço e serviu como um homem contratado regando um jardim. A filosofia não achou Platão já um nobre; ela o fez um. Por que então você deve temer ser capaz de se comparar a homens como estes? Eles são todos os seus ancestrais, se você se comportar de maneira digna; e você fará isso se você se convencer, desde o princípio, de que nenhum homem lhe supera em verdadeira nobreza.
4. Todos temos o mesmo número de antepassados; não há homem cujo primeiro começo não fuja da memória. Platão diz: “Todo o rei nasce de uma raça de escravos, e todo escravo tem reis entre seus antepassados”. O passar do tempo, com suas vicissitudes, tem misturado todas essas posições sociais, e a fortuna as virado de cabeça para baixo.
5. Então, quem é bem-nascido? Aquele que por natureza é bem adaptado à virtude.” ( XLIV. 2-5)
Sêneca, Carta 44 – Sobre Filosofia e Pedigrees
(Imagem: Morte de Sócrates por Jacques-Louis David)
“Mas suponha que haja uma luta irada de ambos os lados, mesmo assim, é o melhor homem aquele que primeiro cede; o vencedor é o verdadeiro perdedor. Ele bateu em você; bem, então, você recua: se você o atacar, você lhe dará oportunidade e desculpa para atacá-lo novamente: você não será capaz de se retirar da luta quando quiser.” (Sobre a Ira II.34)
Nunca ceda à raiva, a sua ou a de outra pessoa
(Imagem: Romulus e Remus, os irmãos brigões. Certosa de Pavia, Itália)